terça-feira, 28 de julho de 2015

Me abri e caiu você


Me fizestes morada, mesmo sem morar de fato .
Te procurei em todos os cômodos,  mas apenas os seus retratos habitaram meu lar.
Procurei do lado de fora e do lado de dentro de você.
Não me encontrei.
Minhas chaves não se encaixaram em suas fechaduras.

Tamanha cegueira me impediu de ver,  que meu mundo não cabia em você,  e que o Seu morava em outro lugar, em outro tempo,  em outro amar.

Não coleciono, nem quero colecionar, corações que não me pertencem, beijos que não me beijam, abraços que não me tocam, desejos que não me transpiram, toques que não me encharcam.
De tanto esperar...
Meus olhos já não olham para olhos que não se olham, pulmões que não se respiram, fluídos que não transpiram, verdade que não se realiza.

Vejo o antigo mudar de cor, aos poucos, aos muitos,  aos montes...

Abri os olhos, e deixei cair... seu rosto,  sorriso, seu corpo...
Abri a boca e deixei sair...  o verbo, seu gosto, seu beijo, seu sexo...
Abri os ouvidos e deixei de ouvir... Sua voz,  seu nome,  seu mundo...
Abri as mãos e deixei partir...  Seu corpo, seu jeito, seu toque, suas letras,  você...

Abri a mente e deixei entrar...
O mundo,  a vida, o fato...