sexta-feira, 31 de julho de 2015

A procura da sombra

Seus olhos nublados de vontade...
No peito, estalactites de gelo desprendiam -se da cabeça ao chão.
Pés  imóveis, mãos atadas, a boca um túmulo.  

Diziam que Podia se ouvir ao longe o som de seu coração.
Ele que um dia pulsara por dentro, agora vive distante. Dividido em Terras diversas. 
Uma de suas partes mudou -se.
Saiu a procura de uma sombra que representasse sua realidade. 

Queria encontrar uma sombra com gosto de nuvem e cheiro de amanhecer. 
Planejava todos os dias o percurso de sua aventura em direção a sombra.
Calculava caminhos e desenhava seu rosto.
A cada dia compunha uma nova cor para seus lábios e uma nova dimensão para seu sorriso. 

Sentava-se por horas a frente do papel apoiado em um cavalete de madeira,  pintado a cor de fumaça rosê.
Debruçava -se sobre o sonho de desenhar sua sombra ideal. 
Mudava a iluminação,  comprava novas tintas, novas cores, texturas, pigmentos.  

Queria ter o desenho perfeito,  para não correr o risco de encontrá-la e não saber quem era.

Memorizava cada traço de seu desenho pré concebido,  e caia no mundo.
Andava, andava, corria, pulava vulcões, lançava-se na direção de tormentas....
E quando a via... Corria, voava,sorria, dançava...

E de tenta alegria... excedia-se... No exceço,  tranbordava-se...  Transbordando -se,  brilhava... Brilhando,  cegava-se... Lançava raios... e... mais uma vez a sombra desaparecia....

Passava a ter dúvidas se ela de fato existia.
Voltava a sua casa, trancava-se em seu escritório,  debruçava-se sobre seu velho cavalete e Refletia a cerca de suas dimensões,  volume, altura, profundidade.  

Pensava se a sombra que avistara era a sua, ou apenas a sombra de um outro alguém. 
Passava os dias idealizando sua sombra... A noite saía a sua procura. Sempre em vão.