terça-feira, 28 de julho de 2015

João Bobo

Te Encontrei em caos... Olhei por dentro e separei cada conta colorida que pude encontrar. Separei -as das feias, escondi as que estavam quebradas, para depois consertar, ajustar ou colocar pequenas porções de macinha, para não mais  machucar.
Juntei suas melhores partes,  e te mostrei... Contei como o dia era bonito,  e que dentro da noite haviam anjos de luar...
Que o sol era o brilho do sorriso de Deus.
Insisti que queria te fazer feliz, mesmo quando apenas isso já te incomodava ao extremo.
Te apoiei, e me apoiastes também.
Mas a carne dura da humanidade pesou. E saltou os olhos,  e quebrou o peito, atacou as horas.
Revirastes meus lados feios, trazendo -os a tona.  Tanta mágoa que acumulastes,  com ódio da minha imperfeição...
Suas dores brotavam e me atiravam lanças a todo momento.
Me reerguia para fazer curativos em minhas chagas e nas suas.
Mas os unguentos que me acalmam, só lhe traziam pequenos alivios.
E você sempre queria mais...
Um mais que não pude entender,  um mais,  que eu não tinha para dar.
Então deixastes de ver meu sorriso,  de ler meus olhos, de me ver por dentro.
Se agarrara a algumas lembranças do passado... Sem querer ver o presente....
Jogastes meus olhos no chão,  meu peito na terra... Passates por cima, jogando um pouco mais de terra para se equiparar a sua dor...
Me colocastes de castigo do lado de fora de ti.
Vezes ou outras passava e me via c a mão estendida...  E me puxava para dentro. Aceitava de novo meu abraço...
Me banhava em seu jeito e esquecia dos tombos tomados.
Mas as tais lembranças tornavam a atormentar.... E mais uma vez,  a palavra ficava grossa... O tempo escurecia, e voltava eu para o castigo vazio da imperfeição..
Me olhavas cheia de terra e dizia não querer mais.
Suportei cada noite fria, cada galho que transpassava minhas costas... Sempre me aquecendo com aquele sorriso aberto.
Te protegi mesmo plena de dor... Me protegestes cheia  do teu amor...
Me puxas e me empurra como um brinquedo de lona e ar.
Levanto correndo e sorrindo após cada queda, cada batida da cabeça ao solo.
E quando volto me empurras novamente no movimento de vai e vem.
Minhas molas também cansam,  minha lona também fura, e esvazio...
Não sei dizer o que pode ou não consertar...
Mas ando vazia de uma forma que nunca pensei estar...