quarta-feira, 24 de agosto de 2016

E por vezes deixamos de falar , por achar que tudo está sub entendido...
De que serviriam caracteres tão mágicos, auditivos, visuais ou táteis... Se não para comunicar o que se esconde em baixo de lugares diferentes para cada tipo de ser...?

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Sobre o que?

A pergunta é : Por que?
Já nem sei bem em relação a que...
Há uma certa dormência por dentro...
Um sabor as vezes incolor , insípido e inodoro , como as propriedades da água que conheci um dia na infância.
O gosto do "nada" , pode até ser refrescante em algumas situações....
Um branco fosco, levemente transparente , translúcido, por vezes Frio, morno, líquido e pastoso, incólume,  e que nos esnoba..
Da de ombros , movimenta levemente a ponta de um dos pés, que vive por inquilinato em um belo par de sapatos de couro caramelo.. .
Que combinavam com um outro que não me pertence mais...

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O processo

O processo

A música e  sua magia...
Como encantada , hipnotizada, de repente me mudo para outro ambiente.
Uma rua acinzentada de Buenos Aires...
Um tango ao fundo... Meias arrastão com tonalidades levemente cor de sangue...
Um rosa vermelha nos lábios...
Chapéu semi Panamá.
As luzes, os cenários se sobrepõe sobre os olhos...
Vertem dardos com pontas coloridas...
Uma gota de chuva que cai... Seguida de outra outra amiga coberta de H2o...

Um tom mais grave... Banhado por penumbra....
Um cinza chumbo que se propaga, profaga...
Um calor que queima , espalha e amansa...
O tempo insiste em se arrastar...
E como um garçom em restaurante com regra de etiqueta.
Me traz pequenos gracejos para aliviar a ansiedade do prato principal....
Talheres embrulhados ou dormindo por cima de um guardanapo...
Um saleiro...
Uma cestinha de vime com azeite extra virgem e pimenta artesanal de especiarias coloridas.
Um pano branco colocado no colo.
Um certo calor nas pernas, e um sorriso.
Um Sorriso....
Ele então toma uma outra proporção...
O valor de um sorriso ante as lágrimas secas...

A luz de um candelabro no recanto da escuridão....

E a luz... Quão magnífica quando adentra o ambiente .. 
Com seu brilho resplandescente...
Nos enche de ungüento... De alívio... De frescor no peito...
Uma leve carícia na fronte....
Um  suave passar de  dedos  pelos olhos...
E vem a calma... A serenidade... A fé... A crença por algo melhor...
Uma paz gostosa respaldada pela educação...
Um suspiro mais forte...
Uma coleção de carinhos , enviados por linhas virtuais...
Por vias normais, anormais..
Faladas , caladas...
E as lágrimas no meio da multidão...
Que vem lavando...
Deixando cair...
Deixando sair a humanidade ...

Alguns segundos de desconforto e um bom foda-se posterior.
Levanta o rosto , estufa o peito... Quando  quase esquecia de respirar....
Respirava... Quase que por instinto.

Felina ... Entrelaçada com pedras, montanhas,  florestas verdes, fagulhas de tempo...
Cristais de vida vivida ... Marcado com ferro e força...
Sorrisos e gargalhadas , porque a vida é feita disso...
E quem manda nessa porra sou eu em acordo com a minha mente insana... Em desacordo...
Sorrisos...
São eles... Pequenos seres luminosos...
Que brincam e fazem cosquinha...
Amigos, pequenos anjos que nos abraçam...
E ..." não importa que o dia pareça nublado... Eu sei o que tem atrás das nuvens!!!





sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Cuidados paliativos

Ela Saia de casa todos os dias antes do sol raiar, enfrentava uma longa estrada de barro fofo, pedras pontiagudas e passava por um corredor de cactos com espinhos enrijecidos e  aparentes .
  Ao longo do ano letivo , fôra perdendo um chinelo aqui, outro acolá, a blusa já bastante desgastada pelo uso, agarrou em um prego preso próximo a porta da escola e se rasgou.
A calça jeans apertada que herdou de aluno um pouco menos favorecido corporalmente, não mais suportava o corpo que a vestia.
Uma troca de professores, o aumento do inverno, e seguia ela, valente , cabeça erguida, em busca da evolução.
Arrumava os poucos cabelos que lhe sobraram após a última epidemia de piolhos na escola da região, e seguia firme para mais um dia de aula.
O corpo cansado ,já não lhe permitia longas caminhadas, o que a fez procurar abrigo em uma cidade um pouco mais próxima. Deixando ela longe do seu lar.
Mas a sede de aprender lhe fazia levantar todos os dias, esticar as pernas finas dentro da calça poida , com atenção para desviar dos buracos da mesma e direcionar os pés para a boca de saída.
Após ter a mochila Roubada por um larápio, Carregava os livros na sacola do mercado, e mantinha o Sorriso nos lábios.
Corria  o longo trajeto de 7 vezes 7 mil léguas morro acima.
Pouco tempo para o estudo , falta de familiaridade com a nova professora, que abraçou diversas turmas , deixando de lado a individualidade de cada aluno , apesar do seu alto grau de instrução....
Sendo assim, mesmo com toda sua dedicação,e afinco, passou a ter dificuldades  em algumas matérias.
A menina guerreira seguia firme , com  o mesmo sorriso largo nos lábios rachados pelo sol.
O inverno se intensificava, o frio gelado doía em seus ossos recorbertos apenas pela fina camada do pano da camiseta poída , a calça rota, e os pés de casca grossa apoiados no chão.

Informam a família da cidade distante, que apesar de todos os esforços, aquele ano letivo já estava perdido. Que não havia mais o que fazer.
Uma certa tarde, ao soar o sinal de saída, a professora lhe pede que aguarde na carteira alguns minutos enquanto os outros alunos se vão.
Senta a sua frente com  com ar de superioridade,  diretor ao lado , diploma de cátedra experiente e põe a sua frente uma cartilha explicando o  caso:
- Olha , você já está reprovada, pode se dedicar o quanto for, pedir ajuda aos familiares, mas nada mudará o fato.

Você pode continuar vindo as aulas, vai levar lições para casa, mas preciso te avisar que é possível que a escola passe por uma reforma. Terá uma pequena goteira bem em cima da sua carteira, mas , caso você prefira, podemos substituir a água por farinha de trigo, de rosca, leite em pó desnatado ou integral, grãos de linhaça ou uma  deliciosa pasta de berinjela apimentada que preparamos ano passado.
A carteira escolar está com uma das pernas quebradas, mas se você se mantiver inclinada a 145 graus ao norte , vai conseguir ler as coisas que a professora escreve atrás da viga de sustentação que será colocada a sua frente.
Ao findar das explicações, esticam o braço, ajeitam a gravata de seda sob o terno de linho com corte francês, entregam a cartilha bem desenhada, um aperto de mão e finalizam: -  Mas de brinde , como somos generosos,  você poderá escolher se quer fazer a prova final ou não.
Ela põe a cartilha em baixo do braço, entrega a seus familiares  que dias depois recebem um telefonema.
Bom dia ! A menina parece desmotivada nas aulas, sabe explicar o que aconteceu?