terça-feira, 28 de julho de 2015

Ignoras

E ignoras...
Ignoras o tanto de vida que te dei... O tanto de sangue que passou por minhas veias para aquecer seu corpo.
Ignoras o que tenho por dentro... O que vejo, o que sinto. Como leio, como minto.

Ignoras o meu Eu e me transformas em algo menor.
Me poe a prova, me tira os méritos,  e me reduz a fragmentos de dia concreto.  Quando Eu... vivo em outro lugar.
Lugar que sempre caminhastes comigo.  Lugar onde construimos nosso abrigo...
Lugar que deixastes de olhar...
Não me vês como sou... Me vês como queres...
Me vês rasa, quando sou profunda.  Me vês por fora, quando sou por dentro...  Me vês dura,  quando estou morrendo...
Já não entendes meus olhos, meus traços.
Não vês minhas dores, não recolhes meus cacos.
Espera e espera... Espera que eu entre em sua caixa mágica e me transforme no seu modelo ideal...
Espera que eu entre no passado e arranque tudo o que te faz mal...
Espera que eu me vire do avesso,  me banhe,  me limpe de tudo...  Que entre,  como Wolverine, em uma máquina que me  preencha de carne imortal e ossos de adamantio...
Que não afie as garras, que aperte um pouco mais as amarras,  que pare de sonhar, que tente não viajar, que não veja mais o mar.
Que meus olhos,  bocas,  e mente caibam dentro de uma pequena caixa para carregares em seu coração...
E juro que te dei... Peguei tudo o que era meu, e pendurei em um cordão..
Andava com ele exposto no peito. Amores, dores, medos, dúvidas,  certezas e incertezas...  Todos expostos,  a mostra, na sua cara...
Bastava abrir os olhos e ver....
Desenhei e redesenhei absolutamente tudo o que havia em mim e em você.