terça-feira, 28 de julho de 2015

Corpo Vazio

Um corpo  caminhava vazio, com a alma desprendida de si...
Ao seu redor, seres feitos apenas de carne ossos e gestos ...

Aquela Essência fugira de dentro do seu antigo lar,  por medo de habitar um envólocro de carne  em um mundo repleto de devoradores de Alma.

O esticador de horizontes, pendurado em seus ombros, era visto como arma pelos transeuntes com seus horizontes encolhidos dentro de globos oculáres.

As praças andavam vazias, as ruas pouco habitadas, as belas paisagens abandonadas pelos olhos.
Haviam monstros demoníacos rondando aquele lugar. Com suas garras envenenadas,  prontos para dar o bote em qualquer coisa que passasse a sua vista com movimentos vitais.

Corpos mortos caminhavam segundo  com as ordens de um Deus  de papel ou plástico.  Em busca do paraíso do Ter.
Vendiam suas almas pelo dízimo.
Entravam em suas caixas mágicas,  com jogos sugadores de vida e conceitos engolidores de Ser.
E ela..
Só queria descrever.
Deixar cair seus cacos de pensamento em qualquer lugar.
Queria se livrar da culpa
de ser o q é...
De não caber em algo.
Da culpa de carregar nos ombros um alargador de horizontes e não poder usar.
Um medo de abrir as enormes asas e ferir alguma criatura tomada de cegueira social, moral ou intelectual.

Era, por vezes, tomada pela angústia de admirar inutilezas que não adoram o Deus comprador de coisas.
Expremida em seu pulsador de sangue, incapacitada de viver em um mundo de troços ...
De adorar gente pelo avesso...
Sentia falta do céu aberto, do coração desnudo.
De não saber fazer o que quer... ou da ansiedade de querer fazer o que não sabe.