domingo, 16 de abril de 2017

A humanidade custa caro

 E aqueles versos pularam dos meus dedos e saltaram na tela de vidro para dizer oi a alguém ,que more além deste amontoado de carne com amarras mortais.

Passeio por entre mundos de notas musicais.
Que me levam além de onde os olhos podem ver...
 A humanidade custa caro...
Por vezes tentamos parcelar ,para sentir a conta em suaves prestações ...
Ela me rouba os dias, os meses de férias e as temporadas de inverno.

Mas quando sentamos para conversar com a vida...
Ela nos conta assuntos incríveis...
De gente que ri... E sabe viver em busca de sonhos...
Que olha para um mundo de liberdade de pensamentos...
Onde a dor se chama superação...
O medo se chama Desafio...
Onde as máscaras se chamam condição , e não estação...
Onde um amigo te diz bom dia e também te estende a mão...

Ouvi dizer que por trás do concreto existe um mundo ainda mais real...
Onde sonhos são verdades , e as certezas mera imaginação...

 Ouvi dizer que o tempo não existe no avesso da razão ...
Nem o céu , nem o teto, nem o chão.
São apenas palavras mágicas jogadas pra dentro de um coração...

Um brincadeira que ensinaram a  jogar...
Não há tabuletas, lugar para ir ou para voltar.
Apenas um jogo de palavras, que nem todo mundo sabe montar...

Círculo meus braços no ar, e deixo menções e espaços em branco no lugar...

Espiral

Sim , continuo acreditando em uma liberdade plena do Ser...
Um lugar onde todos podem respirar livremente...
Onde a inocência não é uma fragilidade da qual queremos nos proteger...
Onde olhamos nos olhos e acreditamos em palavras.
Onde os sentimentos passeiam livremente pelo corpo... Sem medo..
Medo de falhar , medo de não  acertar...
Medo de ser diferente, de não caber em caixas, nos rótulos, nas regras corretas , nas tabuletas que vimos em algum lugar.
A sensação de ansiedade.   O tempo batendo acelerado na porta...
As contas... de papel e de carne, de palavras e pensamentos...
 A conta das metas, dos desejos, dos planos, dos projetos, do corpo, da alma , da religião , do espírito...

A busca por " re - ligar " algo que já está quase em curto de tanta ligação.
Se liga na tela,  na vela, na programação...
Então é gato NET,  gato de luz, gato no orixá, no Cristo e no Buda ...
E vamos fazendo
" acochambregues" , remendos, colocamos fitas, spray de cabelo, cinta, bojo, meia, aplique, e tudo o que estiver disponível para disfarçar as culpas e as imperfeições naturais de qualquer Ser.
E todo momento ouvimos :
Ei! Levanta!! Vai procrastinar?? Vai desistir?? Vai desabar?
O tempo urge, e ruge feito um leão em fúria,  estapeia a cara, e te sacode​ os ombros , manda msg, post , whatsapp, sms...

E ouvi dizer que devo olhar para ele de cabeça erguida, peito estufado .. .
E enfrentá- lo, desafiá- lo, acariciá -lo, convida-lo para um café, uma cervejinha , uma massagem, e ouvir uma boa música, sentar  e ouvir o que o  tempo  tem a dizer...
Dizem que por vezes ele se acalma...Em outras se irrita... Assim como nós...

Ele grita por fora, eu grito por dentro, ele grita por dentro , eu grito por fora...

As vezes caos, as vezes paz.
Trocamos sussurros de amor, e acusações... Suspiros e fortes expirações e inspirações...

Quando meu peito entra em guerra, tento desesperadamente buscar paz. Apesar de ser estranho usar a palavra desespero e paz como formas complementares em uma mesma oração.
 Talvez tenha visto algo parecido em um filme do Dalai Lama.
Esses mestres que olhamos, ouvimos , e na maior parte das vezes , os ensinamentos nos passam batido...
Mas de fato quem sabe sobre a verdade ?
É a eterna busca que  impulsiona a vida na sua  espiral....



A meretriz

A Meretriz

E quando ela esbarrou no amor em pessoa, se apavorou...
Muito tempo que  não o via...

Ouvira dizer que existia...
Que era parecido com um príncipe encantado ,vinha de cavalo branco ou alado...
Que sugira feito uma luz cintilante,  e escorria  abundantemente do coração ...
Sentiu medo, e desejo no mesmo instante.

Ela me contou que  não lembrava da última vez que tinha encontrado o amor...
Não sabia o que era respeito e não esbarrava muito com o carinho...

Morava em uma terra onde beijo era um outro homem.
Barbudo , com bafo, mão pesada, um cheiro de morte, e nenhum sorriso na cara ...
Carinho era um tapa , um pouco mais devagar...
A sineta do fim de expediente não a fazia voltar...

Ela então decidiu dormir e nunca mais acordar...
Trancou o peito , jogou a chave fora... E Jurou que nunca mais iria achar...

De tanto sentir, parou de falar, a mente calou...
Desligou o corpo ..
E embriagava a alma para suportar...

Abria uma janela por dentro..., e lá , não parava de chorar...

De tanto alagar, virou mar...
Deixou de fugir e passou a vagar...

Ouviu dizer que com fé, até um elástico  pode curar...
Custou a acreditar quando disseram que mesmo sem ver, é possível olhar.
Ouviu dizer que depois que se vê, é impossível apagar.
Parece que  imagem se materializa dentro de você.
E mesmo que guardada em uma gaveta no quarto , é possível abrir e tocar, sentir, olhar, molhar e até comer...
Dizem que uma vez que se viu o mar... Você passa a ter mar ...
Uma vez que se viu o amor...
Você passa a ter amor...
Uma vez que se viu a felicidade, você passa a ter felicidade...

Mas o medo se sobrepunha...
Um medo de que aquilo só existisse naquele lugar...
Aquele  medo de tanto ir e não ter pra onde voltar...

Mais uma dose, uma droga, outra noite mal dormida...
Outro corpo indesejado...
Outro desejo apagado...
Outro plano revirado..
Outro sonho acabado...

E a carverna no peito vira pura escuridão...
Não há coração, não  há carne, não há sangue, nem suspiro, nem gozo, nem espelho, nem dor , nem satisfação, nem vazio e nem razão...
Um abismo se instala...
O Prazer é profissão...
O corpo escritório, e o tempo escravidão...
O sorriso uma máscara e a vida,  uma ilusão...
A esperança é um deserto, o aconchego , a solidão...

Então ela corre  para o espelho para se envolver com alguma outra emoção...
Lembra de  uma história que ouviu , onde nomes assumiram outra posição...
O amor , virara dor...
Doação ,  solicitação...
Quietude passou a agir como tempestade...
E desafio , ocupou o lugar da oração.
O medo era coragem...
E coragem  passou a se chamar ambição...
Amigos eram anjos e a paixão ostentação...
O tempo era hora...
E palavras , pura abstração...
O silêncio era o caos...
E o barulho ... a nossa proteção...




terça-feira, 4 de abril de 2017

Abra os olhos

Acordei pelo avesso, ou do lado que deveria estar...
Abri os olhos, e não veio  aquele sorriso tranquilo em tom pastel...
Acordei querendo vento na cara...
Audácia no peito... Destemor...
Procurando por dentro a  soltura de uma noite de verão em Madagascar....
O frescor do esquibunda de Natal ou o mergulho gelado de Arraial do cabo...
Repassar no rosto a brisa suave e deliciosa do vôo de asa delta... a pressão do ar cheio de adrenalina do paraquedas...
Ter a disposição a concentração absoluta dos dedos na Pedra a cada passada da escalada...
Sentir a vida esmurrar meu peito por dentro...
Com força, sem calmaria. 
Sacudindo cada parte desacordada...
Gritando " VAMOOOSSS" como um treinador em jogo de final de campeonato!!!!
Então eu Bato no peito , mesmo que de forma imaginária, trinco os dentes, aperto a fronte, mudo a cor dos olhos, respiro um pouco mais fundo e grito até arder a garganta : -" BORAAAAA!!!!! LEVANTAAA!!!! ACORDAAA!!!!
ABRA OS OLHOS!!! ESTÁ TUDO AÍ BEM DIANTE DOS SEUS OLHOS!!!
E como dizia no desenho do Pica -  pau : " Se não está enxergando , então abra os olhos!!! "

O papel e o digital

O papel  e o digital...
Um quase mesmo tom amarelado, um sombreado com ranhuras...
Mas a textura do papel...
Aquele toque macio nos dedos...
O levantar das páginas, um barulho de mato batendo no vento...
O peso das folhas que vai mudando de um lado ao outro...
A finura depositada na mão esquerda ao iniciar a leitura...
E o peso caminhando para ela ao findar do livro...
Levar os dedos a boca, umidecer levemente com a saliva da ponta da língua...
Aquele vai e vem dos dedos conferindo se está correto o número de páginas viradas...
O deleite de virar a folha e encontrar um pouco mais de história , de conhecimento, de ensinamento, de bate papo , religião , futebol , o outro ... ou seja o que for...
Um amontoado de folhas empilhadas que vira um caso de amor...

Pensamentos fotograficos


Eu a via estatística,  parada em um momento fotográfico...
Era como se ela saltasse em carne e vidro pela tela da minha caixinha de ver o mundo...
Eu podia sentir a textura de sua pele em meus dedos no instante em que lançava um coração na cara daquela fotografia cheia de filtros e tratamentos estéticos...

Parecia feita de porcelana e seda..
Com caras e bocas e gestos e sons...
Na rede social, em uma canção ou em um outdoor de beira de estrada..
Um nome que não era aquele , mas que me fazia lembrar ... assim como aquele cachorro, aquela música, aquela cor, aquele lugar...

O cheiro de um mistério encondido em baixo de um tapete do passado..

E ela seguia com o olhar preso em uma pose ou uma série de fotos em movimentos de frames binários...

E a prisão daquela mente bipolar , querendo um porto seguro e um lugar para voar...





Não sei por que  simplesmente não soltamos as mãos da corda e fincamos nas pedras que se seguem na escalada a um patamar diferente???
Sentir a estabilidade de cada pedra, equilibrar, acreditar...
Gozar a delícia de achar uma agarra maior, ou a adrenalina de estar apoiada em uma menor...
Mas vem um medo...ou até mesmo um pavor...
Um frio que dá na barriga, aquele gelar da espinha...

E o ciclo seguia todos os dias...
 Ela desfilava, na frente dos meus olhos internos, enquanto eu, passo a passo caminhava na calçada em direção ao ponto da lotação. ..

Ela sentava displicente sobre meus pensamentos...
Pernas cruzadas, cigarro na mão,  lendo grosseiramente o meu livro de cabeceira, a meia luz, no canto da  sala de televisão ..
Seus cabelos,  levemente caidos no rosto, se confundiam com a sua boca vermelha cor de fogo...
A pele clara como as nuvens da manhã.  
Na minha mente ela me olha nos olhos, depois de cima a baixo, esboça um sorriso maroto, torna a mastigar seu chiclete, joga o cabelo,  e desaparece batendo a porta da minha calora craniana.  




quarta-feira, 24 de agosto de 2016

E por vezes deixamos de falar , por achar que tudo está sub entendido...
De que serviriam caracteres tão mágicos, auditivos, visuais ou táteis... Se não para comunicar o que se esconde em baixo de lugares diferentes para cada tipo de ser...?