segunda-feira, 10 de agosto de 2015

O trem da indignação

E a dor se instala, se espalha, se faz presente, dona,  soberana...
"Impossível removê- la da mente, impossível arrancá-la de dentro. "

A memória gruda na pele, mistura-se ao sangue,  transforma-se em célula,  em neurônio, em pulsar sanguíneo, em batida vital...

E vem o tempo... Chronos de mãos dadas com Kairós...
Sentam -se no sofá da psiquê , e tentam consolar o coração...
Explicam que tentam dissolver a dor, mas que o atrito com a saudade,  com a lembrança,  com a impotência,  produzem reações químicas e físicas...

Reações que geram o chorume da dor, o sofrimento, a angústia, a tristeza, a depressão.
Líquido que se expande e rasga o peito...
Dor aguda, cortante,  gelada, feito faca afiada com cerdas pontiagudas.

Dor que com Kairós se agrava, se alastra quente, vermelha...
Largas curvas de frequência lenta... Parábolas enormes, graves, profundas, perenes...

 E a mãe se senta a frente da TV. Assiste passiva a morte de seu filho...

Um trem passa sobre um corpo, sobre uma alma, sobre uma família,  sobre uma mãe angustiada, sobre a indgnação, sobre o respeito...

O trem passa... e por cima, o poder, a força, o dinheiro,  o tempo que Urge , a indiferença, a política,  a imagem,  a empresa,  a ausência de humanidade e respeito ao próximo...

 O trem vai... E a dor fica, se instala e se encerra nas palavras de uma mãe frágil e impotente...

"É impossível tirar essa lembrança da mente e arrancar essa dor do coração ".