E a dor se instala, se espalha, se faz presente, dona, soberana...
"Impossível removê- la da mente, impossível arrancá-la de dentro. "
A memória gruda na pele, mistura-se ao sangue, transforma-se em célula, em neurônio, em pulsar sanguíneo, em batida vital...
E vem o tempo... Chronos de mãos dadas com Kairós...
Sentam -se no sofá da psiquê , e tentam consolar o coração...
Explicam que tentam dissolver a dor, mas que o atrito com a saudade, com a lembrança, com a impotência, produzem reações químicas e físicas...
Reações que geram o chorume da dor, o sofrimento, a angústia, a tristeza, a depressão.
Líquido que se expande e rasga o peito...
Dor aguda, cortante, gelada, feito faca afiada com cerdas pontiagudas.
Dor que com Kairós se agrava, se alastra quente, vermelha...
Largas curvas de frequência lenta... Parábolas enormes, graves, profundas, perenes...
E a mãe se senta a frente da TV. Assiste passiva a morte de seu filho...
Um trem passa sobre um corpo, sobre uma alma, sobre uma família, sobre uma mãe angustiada, sobre a indgnação, sobre o respeito...
O trem passa... e por cima, o poder, a força, o dinheiro, o tempo que Urge , a indiferença, a política, a imagem, a empresa, a ausência de humanidade e respeito ao próximo...
O trem vai... E a dor fica, se instala e se encerra nas palavras de uma mãe frágil e impotente...
"É impossível tirar essa lembrança da mente e arrancar essa dor do coração ".