sábado, 1 de agosto de 2015

Arrependimento


Quis inverter o fato...
pôr o leite derramado de volta na leiteira...
Recuperar a flecha lançada...
Sempre aceitei de bom grado cada pedaço da roda da vida...

Cada obstáculo como um novo desafio...
Cada pedra,  uma nova aventura...
Cada dificuldade,  uma oportunidade de superar limites...

Mas dessa vez... algo diferente bate em meu coração...
Quando olho para o que passou, para o que foi vivido e o que restou...
Sinto a estranha sensação de que preferia não tê-lo vivido.
Não me acrescentou nada... 
Não me levou nada... 
Não me deixou nada...
A não ser um gosto insosso de tempo perdido.
Ou um sabor azedo de querer girar o mundo ao contrário e desfazer cada palavra dita...
Cada beijo,cada carinho, cada verso, cada canção...
Desintegrar no vento o primeiro toque, esquecer dos sorrisos, das lembranças e das palavras de amor...
Esquecer o calor dos seus braços e do seu corpo junto ao meu...
Apagar a troca de olhares e sublimar cada lágrima rolada...
Retirar do mundo, nota por nota, de cada canção usada como hino.
Entrar no seu pensamento e no meu e arrancar qualquer vestígio de "nossa" existência vazia.
Tirar do peito essa estranheza de algo profundo que não deixou marcas...
Talvez um fino buraco oco... Sem dor, sem alegrias, ou tristezas, ou amor, ou saudade, ou raiva, ou amizade, ou mágoa, ou nada...
E o nada... De nada serve...
Não esfria, não aquece e não padece...