domingo, 29 de novembro de 2015

A vida batia na porta , e ela com medo de viver...
Tanta sede , tanta fome, que o alimento lhe escapava pelos dedos...
Tinha a faca e o queijo nas mãos, mas a faca , apontava para si, o queijo , dava para quem passasse a sua frente...
Tanta certeza nos olhos, que se desfaziam em não saber...
Se olhava por dentro e via alguém diferente da que refletia no espelho. 
Aquela audacia fora encoberta pela casaca do tempo, os grilhões financeiros, e a incompetência burocratica, o medo, a dúvida.
Insistia em dizer  que vivia na Terra do Nunca, mas essa acabava virando uma bela desculpa para Nunca mais se arriscar, Nunca mais se dedicar de fato, nunca mais destrancar um peito com tanto por dentro. 
De tanto Nunca, começou a dizer Não.
Não para as loucas paixões...
Não para a sua verdade ampla...
Não para o seu mundo diferente...
Não para sua visão...
Não para sua arte...
Não para a sua vida...
Mas  quando absorvida por aquela magia... Ahhh, viaja de esqui  no seu belo universo colorido. 
Esquece o lado de fora e vive o lado de dentro...
Lança -se em queda livre e sente o cheiro do vento...
Ao retornar ao solo, reabotoa a camisa branca em formato caixa de linho, passa as mãos pelos cabelos, amarra um coque grisalho de cabelos negros, calça por cima da blusa, sapatos lustrosos como manda o figurino, óculos de armação calibrosa de marfim quase preto. 
Veste - se de sua outra fantasia, senta-se a mesa, bate palmas  e sorri. 
Sem saber se a vida estava lá ou aqui.