domingo, 13 de março de 2016

O barulho da chuva, e o peito trancado por grades imaginárias...
O peito sangrado por facas estatutárias...
O grito contido por mordaças regimentadas...
A vida passa...
Sorriso após sorriso , lagrima após lágrima,  o tempo começa a apertar...
O espaço interno diminuir....
O corpo inerte  se espalhar...
A barriga aumentar, o peito ceder...
O de costume normalizar, acomodar...
O  desejo e os movimentos ensaiados a ferver e perecer...
A dor... E ardor...
O medo e a morte...
O norte e a sorte...
Pedaços nossos que caem pelo caminho...
A saudade...
O aconchego....
Olhos que vivem ainda em outros olhos....
Amarrados, aprisionados, açoitados, estilhaçados, estraçalhados de sol poente...
Esfarelando de mão em mão...
Umidificando de boca em boca...
A procura de um sim ou não
De um carinho a mais...
De um abraço um pouco mais apertado...
De Um colo pro peito...
Um alento pro ombro repleto de mundo...
Um afago de dedos por trás da nuca...
E um rio banhando os olhos... Como uma represa velha que nunca seca...
Como uma barragem desgastada que sempre vaza, Devasta, incomoda....
E no fim ,  tudo é encoberto por um governo de mim , que impõe que devo ser mais forte e valente.
Me põe em um circo de máscaras,  onde outros palhaços dançam sob a luz artificial gelada de um dia de inverno forjado na praça de alimentação de um shopping de quinta categoria...


E por dentro... O desejo de um beijo a mais...
A vontade de um amor voraz...
O anseio do sempre...
A certeza duvidosa de um nunca mais...
O pagamento com o corpo...
A poesia em segundo plano...
A sedução da alma no corpo carnal...


E o gozo vazio...
E tantos Eus... E tantos amores inventados, no vento....
O frio gelando por dentro...
E mesma menina tímida , sentada naquele balanço de ripa de madeira , com som de gaita desafinada, à procura de algum lugar...
De um colo de mãe, da amizade do pai, da verdade dos irmãos, da aceitação...
E o passo para escolher os seus... Que vem e vão...
Os dentes que lutam secretamente no meio da noite , rangendo, trincando, deixando marcas na mastigação...
A vida dizendo dura : - "Sem frescura!  A vida é assim..."
O sono... Fiel refúgio , roubando o tempo ...
O medo...
O tremor das mãos...
Um transbordar que não se cala...
Mais uma fala vazia...
Uma noite de frases e putaria...
Um pouco mais do mesmo lugar...
A mesma busca , a procura de uma parte que parte , me parte e parte para algum lugar.