quarta-feira, 1 de junho de 2016

Agulha de vitrola

Aquele tom vez ou outra tocava por dentro... Como canção antiga anunciada á ponta de agulha de vitrola...
Surge nos ouvidos da mente ao acaso , sussurrando histórias com cara de outro e de outrora...
Sentia algumas gotas daquele calor correndo pelas veias...
Por vezes exalava dos poros, driblava as sinapses, saltava aos lábios e era possível sentir seu gosto quente na boca , um frio no estômago,  um gelado na espinha, e sua presença inventada e imagética nos dedos...
Um sabor de chocolate meio amargo com café expresso sem açúcar...Quente, levemente adocicado,forte,marcante,e com certo amargor gostoso no fundo do copo...
E apesar de não apreciar  café, ele caia como uma luva para a simbologia de uma saudade de algo que nunca existiu. 
Um paladar imaginado pelo cheiro intenso, porem, jamais experimentado  pelas  papilas gustativas...
E essa pseudo saudade ,que não é do corpo e  nunca o foi, é uma vontade oposta, que só existe pela sua contradição...
Um encontro surgido para ser poesia...
Uma cor bufante de paixão passada , amassada e jogada em um canto do armário dos fundos da casa....
Brota de forma sazonal, apenas para saciar a sede dos instintos dedicados a poesia, e seca no mesmo instante que floresce, tal como uma flor rara...
Vem pela voz... Pela arte... Por  duas ,três ou mais linhas escritas...
Por uma melodia antiga com cheiro de livro guardado na estante... Uma foto, uma imagem na mente, uma certa praia, um certo lugar, um certo momento... inexistente e com uma presença forte no mundo das idéias...